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Nos últimos 50 anos, a produção agropecuária brasileira se desenvolveu de tal forma que o Brasil se transformou em um dos principais produtores e fornecedores de alimentos, fibras e energia do mundo. Essa evolução é fruto de sucessivos ganhos de produtividade decorrente de investimentos em ciência e tecnologia, políticas públicas setoriais e de muita dedicação dos produtores rurais, grandes protagonistas dessa trajetória, em suas atividades dentro da porteira.
O efeito transformador da revolução agrícola das últimas cinco décadas é certamente o fato mais importante da história econômica recente do Brasil e continua abrindo perspectivas para o futuro do país. Como resultado desse desenvolvimento, temos atualmente uma agricultura adaptada às regiões tropicais, intensiva em tecnologia e constituída por uma multidão de produtores rurais que pautam sua produção na preservação dos recursos naturais, garantindo a sustentabilidade e a eficiência dos sistemas produtivos. Essas pessoas compõem o setor produtivo mais moderno e sustentável do mundo que vem transformando de forma consistente a economia brasileira.
Produzindo excedentes cada vez maiores, o agro expandiu suas vendas para o mundo, conquistou novos mercados, gerando superávits cambiais que fortalecem a economia brasileira. Como importante resultado, a geração de excedente produtivo aliado ao aumento da produtividade, reduziu drasticamente o preço do alimento para o consumidor, melhorando a qualidade de vida da população e liberando seu poder de compra para a aquisição de bens produzidos pela indústria e pelo setor de serviços.
O reconhecimento do agronegócio como vetor crucial do crescimento econômico brasileiro pode ser constatado pelos seus números. Responsável por praticamente 1/4 do Produto Interno Bruto (PIB) do país, em 2024, a soma de bens e serviços gerados no agronegócio chegou a R$ 2,72 trilhões. Dentre os segmentos, a maior parcela é do ramo agrícola, que corresponde a 70% desse valor (R$ 1,9 trilhão), a pecuária corresponde a 30%, ou R$ 819,26 bilhões. [1]
Já o Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária, que corresponde ao volume produzido multiplicado pelo preço, ou seja, equivale ao faturamento bruto dentro dos estabelecimentos agropecuários, alcançou R$ 1,35 trilhão em 2024, resultado 7,4% a frente de 2023 (1,25 trilhão), dos quais R$ 886,6 bilhões foram gerados na produção agrícola e R$ 460,8 no segmento pecuário.[2]
Como pode ser observado na figura 1, a soja em grão é o carro-chefe da produção agropecuária brasileira, com faturamento de R$ 334,1 bilhões. O segundo lugar no ranking do VBP da agropecuária brasileira é ocupado pela pecuária de corte, com R$ 211,1 bilhões, em 2024. O terceiro maior VBP é o do milho, com R$ 128,2 bilhões, seguido da cana-de-açúcar (R$ 106,2 bilhões) e da pecuária de leite (R$ 91,7 bilhões). A carne de frango (R$ 86,1 bilhões) aparece em sexto lugar, seguido do café arábica, R$ 56,7 bilhões e da carne suína com R$ 41,9 bilhões.
Em relação ao ano de 2023, houve queda no VBP da soja, do milho e do ovo. No caso dos grãos, o resultado negativo decorreu da contração dos preços das commodities no mercado internacional, bem como da redução da quantidade produzidas dessas culturas no ano de 2024. Já em relação a produção de ovos, o comportamento decrescente dos preços ao longo de 2023 teve como justificativa o fato de sua produção ter atingido a máxima histórica em 2023, de uma série acompanhada desde 2018.
Figura 1: Comparativo 2023-2024 dos 10 principais produtos do VBP da agropecuária (R$ bilhões)

Elaboração: DTec/CNA.
O setor absorve praticamente 1 de cada 3 trabalhadores brasileiros. Até o quarto trimestre de 2024, 26% (28,2 milhões) do total de 108,4 milhões de trabalhadores brasileiros eram do agronegócio. Desses, 7,95 milhões (28,2%) desenvolviam atividades de agropecuárias primárias, 10,18 milhões (36%) nos agrosserviços, 4,73 milhões (16,8%) na agroindústria e 5,04 milhões no autoconsumo (17,9%), por fim, 315,1 mil trabalhadores no setor de insumos (1,1%).[3]
Quanto ao comércio internacional, 49% das exportações brasileiras, em 2024, foram de produtos do agronegócio. Também há forte contribuição do agronegócio para o desempenho da economia brasileira. Isso fica evidente no gráfico 1, que mostra como o superávit comercial do agronegócio brasileiro mais que supera o déficit comercial dos demais setores da economia brasileira, garantido sucessivos superávits à Balança Comercial Brasileira. [4]
Gráfico 1: Saldo da Balança Comercial Brasileira de 2010 a 2024 (em US$ bilhões)

Fonte: MDIC, AgroStat/MAPA. Elaboração: CNA.
Apesar dos desafios contemporâneos nos mercados doméstico e internacional, os destinos e a diversidade de produtos exportados pelo agronegócio brasileiro aumentaram significativamente. Com mais de 200 parceiros comerciais – entre países e territórios –, as exportações do agronegócio nacional se distribuem pelo mundo como mostra o gráfico 2. A China respondeu por 30% do valor das exportações do setor em 2024, o que que equivale a US$ 49,7, seguido pela União Europeia com 14% (US$223,2 bilhões), dos Estados Unidos (7%; US$12,1 bilhão), da Indonésia (3%; US$4,3 bilhões), do Vietnã (3%; US$3,9 bilhões). Outros destinos perfizeram o percentual restante das exportações do agronegócio, 43%, equivalente a US$71,2 bilhões.
Gráfico 2: Exportações do Agronegócio (Bilhões US$ e %) por principais destinos, 2024

Fonte: MDIC, AgroStat/MAPA. Elaboração: CNA.
Em relação aos produtos exportados, como mostra a figura 2, o Brasil é, atualmente, o maior exportador de soja, café, suco de laranja, açúcar, carne bovina e de frango e algodão; segundo maior exportado de milho e quarto maior exportador de carne suína. Em relação a produção, o Brasil é o maior produtor de soja, café, suco de laranja e açúcar; o segundo maior produtor de carne bovina e frango; o terceiro maior produtor de milho e de algodão e quarto maior produtor de carne suína.
Figura 2: Produção e Exportações Brasileiras no Ranking Mundial em 2024

Fonte: USDA/2024 Elaboração: CNA.
De acordo com os dados do TradeMap (2024), o Brasil foi o segundo maior exportador mundial de produtos agropecuários em 2023, movimentando cerca de US$ 149,7 bilhões, atrás apenas dos Estados Unidos, com US$ 180,1 bilhões. A lista das dez principais economias agroexportadoras pode ser conferida na tabela 1. O valor das exportações agropecuárias no Brasil cresceu 6,7% de 2022 para 2023, valor superior ao de seus principais competidores, bem como da média mundial (0,7%). Já os Estados Unidos reduziram as exportações do setor em 11,4%.
Tabela 1: Exportações agropecuárias (US$ bilhões) segundo principais países agroexportadores

Fonte: TradeMap, ITC (2024).
[1] Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
[2] Fonte: Comunicado Técnico do VBP, Janeiro/2024 - CNA. Dados até dezembro e preços corrigidos pelos IGP-DI.
[3] Fonte: Boletim Mercado de Trabalho do Agronegócio brasileiro, 2023 - Cepea e CNA, com base em PNAD-C e PNAD (IBGE), RAIS e metodologia própria.
[4] Exceto nos anos de 2013 e 2014, quando o superávit da balança comercial do Agronegócio não conseguiu suprir o déficit dos demais setores da economia.